sábado, 29 de janeiro de 2011

Assembleias de Deus em Floresta (PE) e Trindade (PE) são assaltadas




Em menos de dois dias, a Assembleia de Deus da cidade de Floresta, a 433 quilômetros do Recife, foi assaltada duas vezes. A igreja foi assaltada pela primeira vez na madrugada da terça-feira (18). Bandidos arrombaram algumas salas da igreja e levaram feijão, carne e produtos de limpeza. Uma funcionária responsável pela limpeza percebeu a ausência dos produtos e chamou a polícia. A polícia suspeita de três pessoas.
A segunda investida ocorreu na madrugada da quarta-feira (19). Os bandidos retornaram ao local e tentaram arrombar e assaltar a mesma igreja, mas não conseguiram levar nada desta vez, pois foram surpreendidos pela polícia. Mesmo com a presença dos policiais, os assaltantes conseguiram fugir.
Esta não é a primeira vez que uma igreja do Sertão de Pernambuco sofre nas mãos dos assaltantes. No ano passado, a Assembleia de Deus em Trindade, a 655 quilômetros do Recife, foi arrombada e invadida durante a madrugada. Equipamentos eletrônicos foram roubados. Neste mês, a igreja voltou a ser assaltada. Um aparelho de DVD foi levado. A igreja prestou queixa na Delegacia da Polícia Militar e já está providenciando a instalação de um sistema de câmeras. Dos produtos roubados, apenas um teclado foi localizado.
Com informações do pe360graus.com

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Subsídio Lição 05 - Sinais e Maravilhas na Igreja

Os milagres, sinais e maravilhas registrados na Bíblia são reais ou não passam de narrativas mitológicas?

Os milagres, sinais e maravilhas são realidades para serem vivenciadas pela Igreja em pleno século XXI?

Para muitos estas perguntas possuem respostas óbvias, enquanto que para outros são questionáveis.

A DEFINIÇÃO DE "MILAGRE"

É importante iniciar observando algumas definições e considerações clássicas acerca de "milagre".

Geisler (2010, p. 40) afirma que na perspectiva histórica os teólogos têm definido os milagres de duas maneiras distintas, em sentido rígido ou moderado. Os moderados seguem a linha de Agostinho (354-430), que descreve o milagre como sendo "um prodígio [que] não é contrário à natureza, mas contrário ao nosso conhecimento da natureza" (Cidade de Deus, 21.8). O sentido rígido é creditado àqueles que seguem a linha de Tomás de Aquino, que compreende o milagre como um evento que vai para além dos poderes da natureza e que somente poderia ser produzido por uma força sobrenatural - Deus. (Summa Contra Getiles, Livro 3).

Champlin (2001, p. 266), ao comentar sobre a perspectiva de Agostinho sobre os milagres escreve:

Agostinho argumentava fortemente em prol da naturalidade dos milagres, do ponto de vista de Deus, apesar de parecerem sobrenaturais ou contrários à natureza, do nosso ponto de vista. Deus parece contradizer ou quebrar alguma lei natural, mas ele simplesmente aplica alguma lei superior, anulando outra lei, inferior. Há uma suprema lei na natureza, dentro da qual todos os milagres podem ser ajustados. O argumento filosófico-teológico dessa abordagem é que Deus, que estabeleceu as leis naturais, jamais agiria contrariamente a Si mesmo, quebrando, ocasionalmente, e por motivos especiais, essa lei (Contra Faustum, 26.3).

Referindo-se indiretamente ao pensamento de Tomás de Aquino, Champlin comenta que outros teólogos não percebem problemas no fato de que Deus pode quebrar leis naturais em suas intervenções. Para Champlin esta discussão é fútil, visto que a natureza fragmentar de nosso conhecimento e da ciência não pode chegar a uma definição decente (plena?) do natural, e muito menos do sobrenatural.

Para Strong (2002, p. 185-186):

Milagre é um evento na natureza em si mesmo tão extraordinário e tão coincidente com a profecia ou a determinação de um mestre religioso ou um líder que garante plenamente a convicção da parte dos que o testemunham que Deus o operou com desígnio de certificar que o mestre ou líder foi comissionado por ele.

Em sua Teologia Sistemática, Augustus H. Strong aborda ainda questões relacionadas com a possibilidade do milagre, a probabilidade do milagre, o testemunho necessário para provar um milagre, e força evidencial dos milagres. Recomendo a aquisição e a leitura da obra de Strong.

TERMOS BÍBLICOS PARA MILAGRES

Para vislumbrarmos um quadro completo dos milagres bíblicos, é necessário conhecermos as peculiaridades dos termos empregados para descrever um "milagre" (Geisler (Idem, p. 40-43):

- oth: termo hebraico para "sinal", usado em (Êx 3.12; 4.1-9, 30, 31; Nm 14.11, 22; Dt 6.22; 26.8; Js 24.17; Sl 105.27; Jr 32.20-21).

- mopheth: termo hebraico para "maravilhas", para descrever os mesmos eventos que são, em algumas partes das Escrituras chamados de "sinais" (Êx 7.9; Dt 29.5; Sl 78.43; 1 Rs 13.3, 5).

- teras: termo grego para "maravilha", utilizado dezesseis vezes no NT, geralmente se referindo a milagres (Mt 24.24; Mc 13.22; At 2.19; Jo 4.48; At 2.22, 43; 4.30; 14.3; 15.12; Rm 15.195.12; Hb 2.3, 4). A palavra transmite a ideia de algo que é tremendo e estonteante.

- dunamis: termo grego para "poder", utilizado para se referir aos milagres de Cristo (Mt 15.38), aos dons espirituais (1 Co 12.10), ao derramamento do Espírito Santo no Pentecostes, e ao "poder" do evangelho para salvar os pecadores (Rm 1.16). A ênfase da palavra está no aspecto de energização divina que envolve um evento miraculoso.

Segundo Geisler, cada uma das três palavras que se referem a eventos sobrenaturais (sinal, maravilha e poder) envolve um aspecto do milagre: "Um evento incomum (maravilha) que transmite e confirma uma mensagem incomum (sinal) por intermédio de uma habilidade incomum (poder).

O PRÓPOSITO DOS MILAGRES

McDowell e Stewart (1992, p. 93-94) declaram que a história de milagres na Bíblia são sempre para um propósito bem definido e nunca para ostentação. Neste sentido citam a multiplicação dos pães para saciar os famintos (Lc 9.12-27) e a transformação da água em vinho (Jo 2.1-11) na festa de casamento.

Champlin (idem, p. 269) afirma que no relato bíblico da realização de milagres algum problema foi resolvido, algum ato de misericórdia foi estendido, algum ensino foi enfatizado, alguma coisa útil foi realizada. Não acontecia a vã exibição de poder.

Geisler (idem, p. 44) resume os propósitos dos milagres em três:

(1) glorificar a natureza de Deus (Jo 2.11; 11.40);
(2) confirmar as credenciais de certas pessoas na posição de porta-vozes de Deus (At 2.22; Hb 2.3, 4;
(3) propiciar evidências para que haja fé em Deus (Jo 6.2, 14; 20.30, 31).

OBJEÇÕES AOS MILAGRES

Nem todos acreditam em milagres, ou em sua atualidade. MacDowell e Stewart (idem, p. 97) escrevem:

Afirma-se, muitas vezes, que as pessoas que viviam nos tempos bíblicos eram mais simples e supersticiosas que o homem moderno, e podiam ser enganadas para acreditar nas histórias milagrosas encontradas na Bíblia. Hoje declara-se que vivemos numa era científica e que superamos essas superstições, pois desenvolvemos a capacidade intelectual para ver esses milagres como mitos supersticiosos e não como fenômenos paranormais.

Em seu propósito de demitologizar a narrativa bíblica, o teólogo alemão Rudolf Bultmann (1999, p. 95) afirma:

A ideia de milagre como acontecimento miraculoso tornou-se impossível para nós hoje, porque entendemos o processo natural como processo que segue leis, concebendo, portanto, o milagre como ruptura do nexo baseado em leis do processo natural; esta ideia não é mais concebível para nós hoje.

Champlin (idem, p. 266-267) enumera algumas maneiras de tentar explicar os milagres, desfazendo a sua natureza sobrenatural. São Elas:

- Os milagres são excitações da imaginação pupular, podendo ser explicados naturalmente;
- Os milagres são meros comentários parabólicos, fazendo parte de alegorias;
- Os milagres são símbolos ou narrativas contadas para ensinar certas lições acerca de verdades espirituais;
- Os milagres são invenções fraudulentas dos escritores religiosos;
- Os milagres são explicações mitológicas, exagerando ocorrências reais;
- Os milagres são meras ilusões, assim como é a mágica;
- Os milagres são acontecimentos psíquicos, fruto do treinamento da mente (poder mental);
- Os milagres são ilusões mentais fruto da hipnose;

As argumentações contra os milagres que são encontradas nos filósofos, (Spnoza, Hume, etc.) geralmente se fundamentam em perspectivas naturalistas (a natureza como um sistema fechado), e na ideia panteísta (Deus é o universo) acerca de Deus.

OS FALSOS MILAGRES E OS "MILAGREIROS"

Conforme Strong (idem):

[...] só um ato operado por Deus pode, com propriedade, ser chamado de milagre, segue-se que os eventos surpreendentes operados pelos espíritos maus ou por homens através do uso de agentes além do nosso conhecimento não têm direito a esta designação. As Escrituras reconhecem a sua existência, mas chamam de "prodígios de mentira" (2 Ts 2.9).

A possibilidade e a realidade destas ocorrências sobrenaturais servem para mostrar a necessidade de um cuidadoso exame antes de aceitá-las como divinas:

Quando profeta ou sonhador se levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador; porquanto o SENHOR, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o SENHOR, vosso Deus, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma. Andareis após o SENHOR, vosso Deus, e a ele temereis; guardareis os seus mandamentos, ouvireis a sua voz, a ele servireis e a ele vos achegareis.
(Dt 13.1-4)

Strong lista algumas coisas que podem ajudar na distinção entre o falso e o verdadeiro milagre. São elas:

- A conduta imoral ou a falsa doutrina que o acompanha;
- Por suas características interiores de inanidade (falta de conteúdo, futilidade) e extravagância, com no caso da liquefação do sangue de São Januário, ou nos milagres do Novo Testamento Apócrifo;
- Pela insuficiência de objetivos que se propõem a promover - como no caso de Apolônio de Tiana, ou dos milagres que se dizem acompanhar a publicação das doutrinas da Imaculada Conceição e da infalibilidade papal;
- Por sua falta de evidência substancial - como nos milagres medievais tão raramente atestados pelas testemunhas contemporâneas e desinteressadas;
- Pela negação ou subestima da prévia revelação de que Deus faz de si mesmo na natureza - mostrada pela negligência dos meios comuns como no caso da cura pela fé e da assim chamada Ciência Cristã.

Caminhando junto com os falso milagres estão os obreiros milagreiros, sensação do momento no meio evangélico brasileiro:

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade." (Mt 7.21-23)

O fenômeno dos obreiros milagreiros possue algumas características próprias, que já extrapolaram os círculos neopentecostais, encontrando guarida nas denominações pentecostais clássicas. Dentre essas características podemos citar:

- A ênfase na glória do apóstolo ou profeta milagreiro, em vez da ênfase na glória de Deus;
- A ênfase no milagre, em vez da ênfase na pregação
- A criatividade dos milagreiros nas mais diversas maneiras e fórmulas de alcançar o milagre;
- O agendamento do milagre com culto, dia e hora marcada;
- O uso do milagre como meio de barganha (2 Rs 5.15-16), para a arrecadação de fundos, de grandes ofertas para o sustento de ministérios, programas de TV e impérios pessoais;

MacArthur (1992, p. 137), em seu livro "O Caos Carismático", expressa bem a questão, quando afirma que:

O anseio das pessoas por fenômenos misteriosos e admiráveis está em um nível insuperável na história da igreja. Desejosa de testemunhar milagres, muitas pessoas parecem dispostas a crer que quase todas as coisas incomuns são maravilhas celestiais. Isso representa um tremendo perigo para a igreja, porque a Escritura nos adverte que falsos milagres - extremamente críveis - serão um dos principais instrumentos de Satanás nos tempos finais. Jesus disse: "Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos. Vede que vo-lo tenho predito." (Mt 24.24-25). Certamente, à luz dessas palavras de nosso Senhor, um tipo de ceticismo sadio, por parte dos cristãos, é bem-vindo.

Mas, ao mesmo tempo, erra gravemente ao afirmar:

Estou convencido de que os milagres, sinais e maravilhas anunciados hoje no movimento carismático não tem qualquer relação com os milagres apostólicos. Estou persuadido, pela Escritura e pela História, de que nada semelhante ao dom de milagres do Novo Testamento (quanto a uma discussão sobre o dom de milagres, ver Capítulo 9) é realizado hoje. O Espírito Santo não tem dado a nenhum cristão de nossos dias dons miraculosos comparáveis aos que foram dados aos apóstolos. [...] Ao contrário disso, a maioria dos milagres contemporâneos quase sempre é parcial, gradual ou temporário. Os únicos milagres "instantâneos" são curas que parecem envolver formas de males psicossomáticos. [...] Muitos pentecostais e carismáticos falam da restauração do "poder do Espírito Santo segundo o Novo Testamento" por meio do seu movimento. [...] Existe a necessidade permanente de que milagres confirmem a revelação divina? Pode alguém, com fé, reivindicar um "milagre" como muitos ensinam? Deus realiza milagres sob demanda? E os fenômenos exaltados hoje como sinais, maravilhas e curas têm alguma semelhança com os milagres realizados por Cristo e pelos apóstolos? A resposta a todas essas perguntas é não. [...] Línguas, curas e milagres serviram como sinais para autenticar uma época da nova revelação. Logo que acabou essa época, cessaram os sinais. (idem, p. 141, 145, 152 e 153).

Concordo com MacArthur no sentido de haver os mais diversos abusos, absurdos, falsificações e enganos em torno de milagres na atualidade, inclusive no pentecostalismo clássico. Mas, o seu generalismo pode ser classificado, no mínimo, de extremado. ele chega a afirmar (idem, p. 153) que no Novo Testamento não existe nenhuma ordem para procurarmos milagres. A razão é óbvia, pois os milagres "naturalmente" seguem e acompanham os pregadores da palavra, na vida dos que crêem:

E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados. (Mc 16.15-17)

Teria, como afirma Mac Arthur, a época das línguas, curas e milagres acabada? Onde no texto de Marcos isso é evidente? O que falar então do texto abaixo?

Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar.(grifo nosso)
(At 2.38-39)

É em razão de declarações e perspectivas como estas de MacArthur, que o tema "milagres" precisa ser estudado.

Fico a pensar, que se um cristão na atualidade se aproximasse de MacArthur para testemunhar de um milagre recebido, mesmo diante das evidências irrefutáveis, MacArthur teria que recorrer ao pensamento e argumento de Hume (com as devidas proporções), e dizer que apesar das claras e reais evidências, não se deve acreditar em milagres, simplesmente pelo fato de teologicamente serem inaceitáveis para os dias atuais (com base em sua perspectiva reformada e cessacionista).

Os milagres são uma realidade bíblica e atual.

BIBLIOGRAFIA

BULTMANN, Rudolf. Demitologização: coletâneas e ensaios. São Leopoldo: Sinodal, 1999.

CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 5. ed. São Paulo: Hagnos, 2001. v. 4

GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. v. 1

MaCARTHUR JR. John. O Caos Carismático. S. José dos Campos: Fiel, 1992.

McDOWELL, Josh; STEWART, Don. Respostas àquelas perguntas: o que os céticos perguntam sobre a fé cristã. 2. ed. São Paulo: Candeia, 1992.

STRONG, Augustus H. Teologia Sistemática. São Paulo: Teológica, 2002. v. 1

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sábado, 22 de janeiro de 2011

Festividade do Coral Harmonia Celeste

Dias 22 e 23/01
Festividade do Coral Feminino
Harmonia Celeste
Você é nosso convidado especial.
Não perca!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Subsídio Lição 04 - O Poder Irresistivel da Comunhao na Igreja

Lição 4 - 1º Trimestre de 2011
Texto Bíblico: Atos 2.40-47
Texto Áureo: Ef 4.3,4

Comunhão e unidade são dois temas que não podem estar desassociados.

A COMUNHÃO DOS SANTOS


O termo grego para “comunhão” é koinonia, que significa “tendo em comum, sociedade, companheirismo”. Dentre outras coisas, denota a parte que alguém tem em algo: "É, assim, usado acerca: das experiências e interesses comuns dos cristãos (At 2.42; Gl 2.9)” (VINE, 2003 p. 485).

Arrington (2003, p. 639) afirma que:

A palavra "comunhão" (gr. koinonia) expressa a unidade da igreja primitiva. Nenhuma palavra em nosso idioma traduz seu significado completamente. Comunhão envolve mais que um espírito comunal que os crentes compartilham uns com os outros. É uma participação comum em nível mais profundo na comunhão espiritual que está em Cristo.

Desta forma, comunhão dos santos é mais do que a simples partilha de bens materiais, é o desfrutar comum das bênçãos espirituais e da participação no corpo de Cristo pelo Espírito.

O termo “santos”, do grego hágios, é geralmente utilizado no plural para identificar todos os que professam a fé em Cristo (Rm 1.7; 1 Co 1.2; Ef 1.1 ss).

A expressão “comunhão dos santos”, do latim communio sanctorum, não aparece na Bíblia, embora idéia esteja presente. O termo foi utilizado pela primeira vez por Nicéias (ou Nicetas) de Remesiana, por volta de 400 d.C.

Conforme o Dicionário Bíblico de Wycliffe (2006, p. 439), os ensinos sobre esta verdade se apresentam da seguinte forma:

- O surgimento da comunhão dos santos: A comunhão dos santos surge com o novo nascimento (Jo 3.1-12), sendo desta forma, limitada àqueles que estão em Cristo Jesus (2 Co 5.7). Por ter um Pai espiritual comum, possuem uma irmandade espiritual comum (Hb 2.11-13)

- A essência da comunhão dos santos: A comunhão representa a unidade espiritual que liga os crentes a Jesus e uns com os outros (Jo 15.1-10; 17.21-23; Ef 4.3-16). Embora transcenda os laços naturais (Gl 3.28; Cl 3.11), não elimina as diferenças comuns às pessoas (1 Co 7.20-24; Ef 6.5-9).

- Os resultados da comunhão dos santos: O compartilhamento mútuo das bênçãos materiais (Rm 12.13; 15.26, 27; 2 Co 8.4; 9.9-14; Fl 4.14-16) é um das manifestações visíveis desta comunhão. Em um nível mais elevado, como já colocamos, a participação nos dons espirituais (MT 25.15; 1 Co 12.1-31) dentro da comunidade cristã, é outra forma de manifestação da comunhão dos santos.

Barclay (2000, p. 7), identifica sete aspectos da comunhão que caracteriza a vida cristã:

- A comunhão que implica um compartilhar de amizade (1 Jo 1.3)

- A comunhão que implica um compartilhar dos bens materiais (Rm 15.25; 2 Co 8.4; 9.13; Hb 13.16)

- A comunhão que implica uma cooperação na obra de Cristo (Fp 1.5)

- A comunhão que implica uma convivência na comunidade da fé (Ef 3.9)

- A comunhão implica uma relação com o Espírito (2 Co 13.14; Fp 2.1)

- A comunhão implica uma relação com Cristo (1 Co 1.9; 10.16; Fl 3.10)

- A comunhão implica uma relação com o Pai (1 Jo 1.3, 6)

A koinonia cristã, conforme Barclay, é aquele vínculo que liga os cristãos uns aos outros, a Cristo e a Deus.

A COMUNIDADE DOS BENS

Existem evidências históricas de que a “comunidade dos bens”, entendida como a participação comum de um grupo em todos os bens dos membros deste grupo, foi idealizada por Pitágoras (Kenner, 2004, p. 345) como um modelo utópico e ideal de convivência. Williams (1996, p. 78) e Champlin (2001, p. 824) fazem referência citação de Filo louvando os essênios por esta prática. Josefo (2005, p. 827) relata sobre os essênios:

Possuem todos os bens em comum, sem que os ricos tenham maior parte que os pobres”. E ainda, “Assim, eles se servem uns dos outros e escolhem homens de bem da ordem dos sacerdotes, que recebem tudo o que eles recolhem de seu trabalho e têm o cuidado de fornecer alimento a todos. (Idem)

O Novo Testamento registra em várias passagens esta prática (Jo 12.6; Lc 8.3; At 4.36, 57 e 5.1), estando o principal episódio registrado em Atos 2.42-47. Para Champlin (Idem):

A partilha informal, naturalmente alicerçada sobre o amor de um crente por outro, é o padrão das virtudes cristãs, mas isso não precisa transformar-se em uma partilha formal e obrigatória de bens.

IGREJA E COMUNISMO

Alguns defendem a idéia de que Atos 2.42-47 é uma proposta bíblica para o comunismo. “Porém, não há qualquer dogma, no Novo Testamento, no sentido de que a experiência deveria ser universal, compulsória e permanente”. (ibdem, p. 826). Observemos a posição de outros estudiosos das Escrituras:

O fato de mais tarde Barnabé ser destacado por vender uma propriedade indica que esta prática não é algo que todos os crentes fazem (At 4.36,37). Os novos crentes estão dispostos a compartilhar suas possessões quando surgem necessidades (v. 45). O termo comunismo não descreve esta prática. Antes, eles estão expressando amor espontâneo, e é completamente voluntário. (ARRINGTON, 2003, p. 640)

“O amor cristão manifestou-se num programa social de assistência material aos pobres. Essa atitude cristã de partilhar com os outros parece que se limitou aos primeiros anos da igreja de Jerusalém e não se estendeu às novas igrejas conforme o Evangelho foi sendo levado através da Judéia.” (PFEIFFER; HARRISON, 1987, p. 245)

Um dos resultados foi a prontidão dos crentes em partilhar seus bens uns com os outros. Isto se tornou prática comum entre os crentes. O verbo está no imperfeito e podia ser traduzido assim: ‘continuavam a usar todas as coisas em comum’. Para esses cristãos a espiritualidade era inseparável da responsabilidade social (Dt 15.4s; At 6.1-6; 11.28; 20.33-55; 24.17 ss). Parece que o comunitarismo teria sido uma solução provisória neste caso, e necessário naquela circunstância. (WILLIAMS, 1996, p. 77)

É verdade que Jesus ordenou a um jovem governante rico que vendesse os seus bens e desse o dinheiro aos pobres (Lc 18.18-30), mas a razão para a ordem era testar a fé, e não forçar um nivelamento social e econômico. [...] Jesus disse: ‘Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre’ (Mt 26.11). (PFEIFFER; VOS; REA, 2006, p. 440)

Que conclusões podem ser tiradas, então, com respeito à abordagem bíblica ao comunismo? Em primeiro lugar, A Bíblia certamente não apóia o Comunismo Marxista com sua filosofia anti-Deus e seu conceito de guerra de classes. Várias passagens (por exemplo Ef 6.5-9; Cl 3.22; 4.1) admoestam os trabalhadores a ter boas relações com os seus patrões e vice-e-versa. Segundo, a posse pública da propriedade entre os crentes parece ter sido restrita a Jerusalém. (Idem)

Para concluir, entendo que tanto o Capitalismo Selvagem, quanto o Comunismo Utópico, são sistemas sócio-político-econômicos desprovidos dos princípios bíblicos de amor, comunhão, voluntariedade e generosidade.

Como bem colocam Pfeiffer, Vos e Rea (Idem, p. 441):

Se os crentes hoje desejarem viver em um acordo onde os cristãos tenham a posse pública dos bens, eles devem se sentir livres para assim proceder; mas a Escritura não os obriga a viver desta maneira, e eles não devem julgar os outros crentes que preferem usufruir a posse privada da propriedade. Todos devem lembrar de que são meramente mordomos de tudo o que Deus lhes tem dado, e que são exortados a exercitar a mordomia fiel das posses que lhe foram confiadas.

A UNIDADE ORGÂNICA DO CORPO DE CRISTO

O texto de 1 Co 12.12-27, que trata da unidade orgânica da Igreja, nos possibilita a compreensão de verdades essenciais para a transformação da nossa maneira de ser, pensar, falar e agir sobre este organismo vivo e espiritual no qual estamos inseridos, do qual fazemos parte.
- Fomos todos batizados em um corpo (v. 13a)
Em termos orgânicos e espirituais, a Igreja não é formada de “corpos”, antes, é um corpo formado de “membros”. Os verdadeiros cristãos, independente de onde estejam, separados por barreiras denominacionais, doutrinárias, ideológicas, conceituais, geográficas, sociais ou qualquer outra, são membros “colocados” para dentro de um único corpo.
- Bebemos todos de um só Espírito (v. 13b)
O Espírito é a fonte de onde emana vida espiritual. Pelo Espírito somos saciados e nutridos com a vida de Deus. Todo o corpo com os seus membros podem funcionar perfeitamente, pois não haverá escassez desta água renovadora. Todos podem beber, pois não há acepção de órgãos. Não há privilégios apenas para alguns. A fonte é abundante e inesgotável.
- Temos o sentido de ser e fazer apenas na relação com o outro (v. 14-23)
A interdependência é a tônica que rege os órgãos do corpo. Um órgão não tem sentido sem o outro, pois só existe para servir, não é um mero adereço no corpo. Nenhum órgão subsiste naturalmente fora do corpo. Só no corpo ele “é”, e apenas no corpo ele “faz”, se realizando numa relação de reciprocidade de serviço e de utilidade. Ser órgão é ser “parte de”, e não “ser em si”.
- Precisamos ter cuidado com o que pensamos e dizemos (v. 15, 16 e 21)
O pensamento precede a fala. A boca fala daquilo que o coração está cheio. A fala manifesta os segredos da alma. O fato de achar e dizer que não somos do corpo não nos tiram do corpo. Afirmar que não precisamos um outro, além de manifestar arrogância, revela também o nosso auto-engano. Precisamos sim um dos outros. Não podemos negar isto com ações ou palavras. Sozinhos não iremos longe. Sozinhos morreremos.
- Contentemo-nos com a posição que ocupamos no corpo (v. 18 e 24)
É necessário saber que é Deus quem dispõem, coloca, coordena e concede lugares, funções e honras no corpo. Não é simplesmente uma escolha pessoal, antes, se trata de uma determinação soberana e graciosa. Soberana, pois tudo é de Deus, e graciosa, pois não é meritória, não é fruto de nossas obras ou méritos pessoais ocupar este ou aquele lugar, esta ou aquela função, receber esta ou aquela honra. Tudo é dele e para Ele.
- Cuidemos uns dos outros com igual cuidado (v. 25)
É preciso entender que somos como membros do mesmo corpo, cuidadores. Cuidar implica em nutrir, suster, socorrer, ajudar, ouvir, apoiar e outras ações. Mas, não devemos apenas ser cuidadores. Precisamos cuidar de todos sem acepção, sem preferencialismo. É fazer o bem sem ver a quem. Trata-se de ação misericordiosa e desinteressada. Cuidar é amar. Cuidar é fazer o que deve ser feito, norteado pelos mais nobres sentimentos e objetivos.
- Soframos com o sofrimento alheio (v. 26a)
A indiferença para com o sofrimento dos outros órgãos do corpo, por suas disfunções, enfermidades, carências ou doenças, não é uma atitude esperada ou desejada de quem está comprometido com o todo. Chorai com os que choram. Se coloque no lugar do outro. Tente perceber suas dores, medos, temores, ansiedades, angústias e frustrações.
- Alegremo-nos com a alegria alheia (v. 26b)
A inveja, conceituada como “profunda tristeza com o sucesso, conquistas, vitórias, bênçãos e felicidade dos outros” pode impedir, de alegrarmo-nos com a alegria do no nosso irmão, do outro membro. Celebremos, festejemos, regozijemo-nos, alegremo-nos quantas vezes for necessário com a forma de Deus honrar o nosso próximo.
- Tenhamos uma visão geral do corpo (v. 27a)
Uma visão geral nos possibilita uma compreensão macro da unidade, da comunhão, da interdependência, da grandeza, da beleza, da magnitude, da força, da vitalidade, do crescimento, da força, da inteireza de ser corpo de Cristo. Trata-se de uma visão onde o “eu” se funde com o “tu” formando um “nós”.
- Tenhamos uma visão sistêmica do corpo (v. 27b)
Tal visão nos proporciona uma percepção mais apurada e individualizada da multiplicidade de funções (multifuncionalidade) dos órgãos e membros, das suas particularidades, atribuições e interligações. Das nossas possibilidades de agregar valor ao corpo, e do valor que os demais membros agregam a este corpo.
Uma compreensão da unidade orgânica do corpo é vital para o seu próprio crescimento, para a manutenção de sua saúde e funcionalidade, tanto numa perspectiva do todo, como na perspectiva de cada membro deste corpo.

UNIDADE DENOMINACIONAL
Em pleno ano do Centenário, vivenciamos também uma crise na unidade denominacional. Tal crise é caracterizada:
- Pelos litígios convencionais e ministeriais nos estados e regiões, onde em alguns lugares os membros e obreiros de uma convenção, ministério ou igreja, são proibidos de visitar ou participar da atividade da "outra", sob pena de disciplina ou exclusão. É verdade que alguns litígios são provocados pela ganância, vaidade, falta de respeito e de submissão de alguns. Nestes casos, os órgãos competentes deveriam cooperar na busca de soluções que promovessem o mínimo de respeito possível, não deixando a coisa correr à revelia. É bom também salientar, que há casos onde a Bíblia recomenda a não associação com alguns que se dizem "irmãos", mas que não vivem de acordo com o Evangelho de Jesus (1 Co 5.11-13).
- Pela "mercadologização" da fé, onde igrejas são abertas da mesma forma que se abre uma loja, sem "cliente" algum (ou poucos), mas sob a confiança dos empresários da fé em estratégias de crescimento fundamentadas em técnicas de marketing, uso da mídia e "pescarias em aquários".
- Pela neopentecostalização do pentecostalismo clássico assembleiano, onde no culto vale de tudo para atrair o povo. Quem disse que as sete voltas de Jericó, os sete mergulhos no Jordão, o culto da vitória, o culto da prosperidade, o culto de quebra de maldição, a determinação de bênçãos e coisas semelhantes a estas ainda são "privilégios" apenas dos neopentecostais. Pois é amados, muitos já adeririam àquilo que alguns teólogos e sociólogos chamam de "a terceira onda do pentecostalismo".
Talvez alguns se contorçam diante do aqui exposto, que trata de fatos presentes também na igreja primitiva e tratados abertamente no Novo Testamento (penso que muitos se contorceram na época com as declarações de Paulo), mas não podemos fingir que nada está acontecendo, tentando procrastinar soluções ou mascarar a realidade com belos discursos e grandes festividades.
Estudar uma lição bíblica deste nível, sem procurar aplicar os seus ensinamentos à nossa realidade, é pura retórica, é mero auto-engano, é um pecado grave.
Busquemos a verdadeira comunhão e unidade bíblica, sejamos cumpridores da Palavra, e não nos enganemos com falsos discursos (Tg 1.22)
 
BIBLIOGRAFIA

ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

BARCLAY, William. Palavras chaves do Novo Testamento. 2 ed. São Paulo: Vida Nova, 2000.

CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 5. ed. São Paulo: Hagnos, 2001. v. 1

GERMANO, Altair. Estudos bíblicos e escritos. Recife-PE: Edição do Autor, 2010.

JOSEFO, Flávio. História dos hebreus: de Abraão à queda de Jerusalém obra completa. 9. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

PFEIFFER; Charles F.; HARRISON, Everett F. Comentário Bíblico Moody: os evangelhos e atos. São Paulo: IBR, 1997. v. 4

______; VOS, Howard F.; REA, John. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

KEENER, Craig S. Comentário Bíblico Atos: Novo Testamento. Belo Horizonte: Atos, 2004.

VINE, W. E.; UNGER, Merril F.; WHITE JR, William. Dicionário Vine. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

WILLIAMS, David J. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo: Atos. São Paulo: Vida, 1996.

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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Um "Fui Despedido" Que Alegra O Coração

"esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante"
(Filipenses 3:13).
Somerset Maugham, escritor inglês, escreveu certa vez uma história sobre um porteiro da Igreja de São Pedro, em Londres. Um dia um jovem vigário descobriu que o porteiro era analfabeto e o despediu. Desempregado, o homem investiu suas escassas economias em uma minúscula loja. Ele prosperou, comprou outras e, depois de certo tempo, possuía uma cadeia de lojas que valia alguns milhões de dólares. Um dia, seu banqueiro lhe disse: "É verdade que você alcançou sucesso sendo analfabeto, mas, onde estaria hoje se soubesse ler e escrever?" O homem sorriu e, calmamente, respondeu: "Eu seria um porteiro."
 
Essa pequena história, relatada em nossa ilustração, é muito conhecida de todos, contada com muitas variações, e eu quero refletir de um novo ponto de vista: que seríamos hoje se não tivéssemos aberto o coração para Jesus?
 
Um dia estávamos conformados com aquilo que o mundo nos oferece. Festas, bebidas, vícios em geral, às vezes sucesso aqui e fracasso ali, às vezes uma alegria passageira e outras vezes angústias e decepções. Era essa a nossa vida e achávamos que era assim com todo o mundo e não seria diferente conosco.
 
Mas algo aconteceu! O Senhor apareceu e nos "despediu" daquele mundo enganoso. Alguns diziam que a nova vida seria entediante -- não pode isso, não pode aquilo, e os prazeres cessariam. Não estaríamos mais livres para fazer o que queríamos.
 
É claro que logo descobrimos que isso não era verdade. Passamos, sim, a ser livres! Livres para viver abundantemente, livres para cantar e sorrir, não de forma
passageira, mas duradora, eterna. Encontramos a verdadeira paz e a verdadeira felicidade.
 
E hoje, mesmo que não nos perguntem, respondemos interiormente, com grande gozo na alma: Que maravilha foi, para mim, ter sido despedido daquele passado insignificante. Foi a maior bênção de minha vida. Como sou feliz!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Subsídio Lição 03 - O Derramamento do Espírito Santo no Pentecostes

Parte 1

INTRODUÇÃO

O derramamento do Espírito Santo no Pentecostes, designado no pentecostalismo clássico como "batismo com (no) Espírito Santo", evidenciado pelo falar em "línguas", é sem dúvida alguma o tema central nos estudos sobre a obra do Espírito no meio pentecostal assembleiano.
Ao longo da história da Igreja, a doutrina do Batismo com (no) Espírito Santo tem dividido pessoas, grupos, igrejas e denominações. Depois das comemorações do centenário da história do avivamento pentecostal da Rua Azusa em 2006, e próximo às comemorações do centenário das Assembleias de Deus no Brasil em 2011, penso ser um momento oportuno para escrever sobre o assunto.
Neste texto, o leitor poderá conhecer algo da perspectiva pentecostal clássica e assembleiana sobre o tema, e também ter acesso às diversas perspectivas contrárias, podendo compará-las, entre si, e com a perspectiva pentecostal clássica, percebendo os pontos de convergência e divergência entre elas.
Pensar a doutrina pentecostal, em vez de simplesmente reproduzi-la acriticamente, eis o grande desafio para os herdeiros da atual e bíblica obra do Espírito.
A todos, uma boa leitura, e acima de tudo, uma boa reflexão.
1 O BATISMO COM (NO) ESPÍRITO SANTO
Iniciaremos trazendo alguns conceitos sobre o batismo com (no) Espírito Santo, que correspondem em sua totalidade, ou em parte, a perspectiva do mesmo no pentecostalismo clássico, e mais especificamente, na doutrina assembleiana:
O batismo no Espírito Santo é uma obra distinta e à parte da regeneração, também por Ele efetuada. Assim como a obra santificadora do Espírito é distinta e completiva em relação à obra regeneradora do mesmo Espírito, assim também o batismo no Espírito complementa a obra regeneradora e santificadora do Espírito. [...] Ser batizado no Espírito significa experimentar a plenitude do Espírito (cf. At 1.5; 2.4). Este batismo teria lugar somente a partir do dia de Pentecoste. Quanto aos que foram cheios do Espírito Santo antes do pentecoste (e.g. Lc 1.15, 67), Lucas não emprega a expressão 'batizados no Espírito Santo'. Este evento só ocorreria depois da ascensão de Cristo (At 1.2-5; Lc 24.49-51, Jo 16.7-14). (Bíblia de Estudo Pentecostal, p. 1627, 1995)
Na nota de rodapé de At 1.5, a Bíblia de Estudo Pentecostal (idem, p. 1626) esclarece que a preposição "com" é a partícula grega en, que pode ser traduzida como "em" ou "com". Dessa forma, muitos optam pela tradução "sereis batizados no Espírito Santo".

Arrington e Stronstad (2003, p. 632), afirmam que:
O batismo com o Espírito Santo não salva ou faz da pessoa um mebro da família de Deus; antes é uma unção subsequente, um enchimento que equipa com poder para servir.
Para Pearlman (1987, p. 195):
Esse revestimento é descrito como um batismo (Atos 1.5). [...] Quando a palavra 'batismo' é aplicada à experiência espiritual, é usada figurativamente para descrever a imersão no poder vitalizante do Espírito Divino.
Andrade (1998, p. 65), em seu Dicionário Teológico, define o batismo com (no) Espírito Santo como:
Revestimento de poder que, segundo os evangelhos e os Atos dos Apóstolos, segue-se à conversão a Cristo Jesus. Tornando-se realidade no cenáculo, na casa de Cornélio e entre os doze de Éfeso, a experiência do batismo no Espírito Santo fez-se padrão na vida dos seguidores do Nazareno.
O pastor e teólogo assembleiano Antonio Gilberto define o batismo com (no) Espírito Santo como:
[...] um revestimento e derramamento de poder do Alto, com a evidência física inicial de línguas estranhas, conforme o Espírito Santo concede, pela instrumentalidade do Senhor Jesus, para o ingresso do crente numa vida de mais profunda adoração e eficiente serviço para Deus (Lc 24.49; At 1.8; 10.46; 1 Co 14.15, 26). (GILBERTO, 2006, p. 57)
Esta mesma definição é encontrada na obra "Teologia Sistemática Pentecostal" (p. 191, 2008).

Vale ressaltar, que o termo "estranha" e "outra", acrescentados à "língua" (glossa), que aparecem respectivamente nos textos de 1 Co 14.2, 4, 5, 6, 13, 14, 23, 27 (Almeida Revista e Corrigida, 1995 e Almeida Revista e Atualizada, 1993), não constam no texto grego do Novo Testamento, sendo acrescentados nestas versões para dar ênfase ao caráter distintivo dessas línguas.
O pastor e teólogo batista Enéas Tognini (2000, p. 31) afirma:
O batismo no Espírito que os 120 receberam no Pentecostes, foi um bênção distinta do NOVO NASCIMENTO ou regeneração, porque já tinham nascido de novo, portanto eram regenerados [...] essa BÊNÇÃO (do batismo no Espírito) transformou os discípulos covardes e negadores - em fiéis testemunhas do Senhor Crucificado.
O Dr. Lloyd-Jones (1998, p. 314), teólogo e ministro protestante de linha reformada e calvinista, faz a seguinte definição:
[...] o batismo do Espírito Santo Santo é a experiência inicial da glória, a realidade e o amor do Pai e do Filho. Sim, vocês podem ter muitas experiências ulteriores disso, porém a primeira experiência, eu proporia, é o batismo do Espírito Santo. O piedoso John Fletcher de Madeley o expressou assim: 'Cada cristão deve ter o seu Pentecoste.
Estas definições se alinham aos ensinos de Keswick, na Inglaterra, no século XIX, iniciadas em 1875. Conforme Synan (2009, p. 48):
A configuração doutrinária de Keswick destituiu o conceito de 'segunda bênção' como 'erradicação' do pecado a favor de um 'batismo no Espírito Santo' e um 'revestimento de poder para o serviço'. A experiência aguardada com ardente expectativa pelos crentes de Keswic era concebida não tanto em termos de purificação, mas de unção do Espírito.
R. A. Torrey (1910, p. 176-210 apud SYNAN, idem, p. 49), exemplifica notavelmente a ideia de batismo com (no) Espírito Santo difundida em Keswick:
O batismo com o Espírito Santo é uma operação do Espírito Santo distinta e subsequente à sua obra de regeneração, uma concessão de poder para o serviço, [uma experiência outorgada] não apenas para os apóstolos, não apenas para os crentes da era apostólica, mas 'para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, o nosso Deus, chamar'. [...] Ela é outorgada a cada crente, de todas as épocas da história da Igreja.

Fica claro nas presentes definições, que o batismo com (no) Espírito Santo é entendido como um acontecimento distinto da regeneração do Espírito (At 2. 1-4; 8.12-17; 19.1-7).
2 OBJEÇÕES QUANTO AO BATISMO COM (NO) ESPÍRITO SANTO
O batismo com (no) Espírito Santo, entendido como um acontecimento distinto da regeneração do Espírito, é por muitos questionado. Grudem (p. 636-652, 1999), apresenta alguns destes questionamentos:
2.1 O batismo como (no) Espírito Santo não é um acontecimento distinto da regeneração do Espírito (cf. 1 Co 12.13)
Os que defendem essa ideia alegam que o texto de 1 Co 12.13 afirmam que "todos nós" (gr. hemeís pántes) fomos batizados em um só Espírito, o que faria dessa experiência algo vivenciado por todos os verdadeiros cristãos:
Stott (2007, p. 45) chega a conclusão de que as evidências reunidas do Novo Testamento em geral, do sermão de Pedro em Atos 2 e do ensino de Paulo em 1 Coríntios 12.13 em particular, lhe indicam que o "batismo" do Espírito é idêntico ao "dom" do Espírito. Procurando ser mais específico, apela aos seus leitores que não exijam dos outros "um 'batismo' como uma segunda experiência subsequente, totalmente distinta da conversão, porque isto não pode ser provado na Escritura." (idem, p. 76)
Packer (2010, p. 197) refuta a ideia de que o batismo no Espírito é uma experiência distinta e geralmente subsequentes à conversão, em que a pessoa recebe a plenitude do Espírito na sua vida e, dessa forma, é totalmente cheia de poder para testemunho e serviço, tendo como evidência e sinal exterior a glossolalia:
Recentes exames minuciosos desta opinião, feitos por James D. G. Dunn, F. D. Bruner, J. R. W. Stott e A. A. Hoekema, tornam desnecessário que aquilatemos detalhadamente aqui. É suficiente dizer, primeiro, que, se aceita, ela compele uma avaliação do cristianismo não-carismático - isto é, do cristianismo que não conhece nem busca um batismo no Espírito após a conversão - como inferiro, secundário e carecendo de algo vital; mas, segundo, que ela não pode ser estabelecida de acordo com a Escritura [...].
Dessa forma:
Os que insistem que o batismo com o Espírito Santo é uma experiência distinta da bênção da conversão, uma obra especial da graça desfrutada por alguns e não por todos os crentes, deixam de perceber que o que dá unidade ao corpo de Cristo é exatamente o fato de que todos os crentes genuínos foram batizados pelo mesmo Espírito. (LOPES, 2004, p. 126)
Essa perspectiva não é aceita no pentecostalismo clássico, que faz distinção entre "batismo com (no) Espírito Santo" do "batismo do Espírito":
Já o batismo do Espírito, como vemos em 1 Co 12.13, Gálatas 3.27 e Efésios 4.5, trata-se de um batismo figurado, apesar de ser real. Todos aqueles que experimentam o novo nascimento, que é também efetuado pelo Espírito Santo (Jo 3.5), são por Ele imersos, batizados, feito participantes do corpo místico de Cristo, que é a sua Igreja, no sentido universal (Hb 12.23; 1 Co 12.12ss). (GILBERTO, idem)
Na nota de rodapé da Bíblia de Estudo Pentecostal (idem, p. 1755), sobre o texto de 1 Co 12.13, lemos:
[...] O batismo 'em um Espírito' não se refere, nem ao batismo em água, nem ao batismo no Espírito Santo que Cristo outorga ao crente como no dia de Pentecoste (ver Mc 1.8; At 2.4 nota). Refere-se, pelo contrário, ao ato do Espírito Santo batizar o crente no corpo de Cristo - a igreja, unindo-o a esse corpo; fazendo com que ele seja um só com os demais crentes. É a transformação espiritual (i.e., a regeneração) que ocorre na conversão e que coloca o crente "em Cristo" biblicamente.
À luz do Novo Testamento, fica claro que 1 Co 12.13 não se refere aos episódios de Atos 2. 1-4; e 8.12-17. Dessa forma, a única maneira de se conciliar a questão é entendendo a distinção entre o "batismo com (no) Espírito Santo" do "batismo do Espírito Santo".
Quanto ao acontecimento na casa de Cornélio (At 10.44-47), pode-se entender que naquela ocasião o batismo do Espírito e o batismo com (no) Espírito Santo, podem ter acontecido simultaneamente.
Em Atos 19.1-7, embora o texto não afirme claramente que os discípulos já haviam experienciado a regeneração, isto fica subentendido. A negação de tal fato nos levaria a compreender o evento da mesma forma como aconteceu na casa de Cornélio, onde simultaneamente (ou imediatamente) a regeneração e o batismo com (no) Espírito Santo aconteceram:
O capítulo 10 de Atos registra a conversão de Cornélio e seus familiares, por instrumentalidade de Pedro. Cornélio se converteu a Cristo, portanto passou a possuir o Espírito Santo; antes que fosse batizado em água, o foi no Espírito Santo, verificando-se na sua casa um verdadeiro pentecostes. Temos também nesta experiência as duas etapas da vida cristã - a conversão e o batismo no Espírito Santo. (TOGNINI, ibdem, p. 37)
É neste sentido que Lloyd-Jones (ibdem, p. 318) esclarece:
[...] não estou afirmando que deve haver sempre, de qualquer modo, um intervalo entre tornar-se cristão e esta experiência; ambos podem ocorrer concomitantemente, e é o que tem ocorrido amiúde, mas às vezes não ocorre assim. Portanto mantenhamo-los distinguidos.
2.2 O batismo com (no) Espírito Santo foi um momento único na história, não sendo um padrão que devemos buscar ou imitar
Hulse (2006, p. 7, 17-18), é categórico em sua oposição:
Se omitirmos o livro de Atos, ficamos face a face com o fato de que não há um batismo do Espírito prometido, recomendado, ordenado ou sugerido no Novo Testamento. [...] Estou chamando a atenção para o fato de que nenhum batismo do Espírito ou qualquer experiência de crise é prometida, recomendada, oferecida e, ainda menos, ordenada no Novo Testamento. O Pentecostes foi prometido e há extensão disto, tal como é explicado em Atos 15.8,9. Este é um fato histórico. Daí em diante, em nenhum lugar do Novo Testamento há referência a uma experiência semelhante a esta como sendo a resposta.
Em sua obra, Hulse não comenta o texto de Atos 2.39, nem parece considerar a "promessa" nos Evangelhos (Mc 1.8; Lc 24.49).
Diferente de Hulse, Lloyd-Jones (ibdem, p. 307) afirma:
Segundo o meu entendimento deste ensino, eis aqui uma experiência que é o patrimônio hereditário de todo o cristão. diz o apóstolo Pedro ; 'Porque a promessa vos pertence a vós' - e não somente a vós, mas - ' a vossos filhos, e a todos os que estão longe: a quantos o Senhor nosso Deus chamar' (Atos 2.39). Ela não se restringe apenas àquelas pessoas no dia de Pentecoste, mas é oferecida e prometida a todas as pessoas cristãs.
Para Stott (ibdem, p. 31):
A experiência dos 120 ocorreu em dois momentos diferentes, simplesmente em razão de circunstâncias históricas. Eles não poderiam ter recebido o dom pentecostal antes do Pentecoste. Todavia, estas circunstâncias históricas há muito deixaram de existir.
Buscando uma posição conciliadora, o pastor e teólogo presbiteriano Hernandes Dias Lopes (1999, p. 13) afirma que:
O Pentecoste no seu sentido pleno é irrepetível. O Espírito Santo foi derramado para permanecer para sempre com a igreja. [...] Nesse sentido não há mais Pentecoste. Todavia, a promessa de novos derramamentos do Espírito para despertar a igreja é uma promessa viva à qual devemos agarrar-nos. É nesse sentido que vamos usar o termo Pentecoste. O apóstolo Pedro disse naquele dia memorável: '...e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor nosso Deus chamar' (At 2.38-39)."
Tognini (idem, p. 19), refutanto tais argumentos, afirma que:
[...] finalmente, há os mais dogmáticos que, sem hermenêutica, e com exegese claudicante, unilateral, temerosa da verdade, se lançam no encapelado mar da confusão; então, lutam e insistem em que o Pentecostes não mais se repete.
2.3 A distinção entre "batismo do Espírito Santo" e "batismo com (no) Espírito Santo criaria duas categorias de cristãos
Reforçando a ideia separatista das duas categorias de cristãos, Hulse (idem, p. 23) afirma já ter ouvido líderes pentecostais afirmar que há dois tipos de cristãos: os batizados e os não batizados no Espírito. Para ele, isso cria divisão no corpo de nosso Senhor.

Stott (ibdem, p. 71-72), parece não se preocupar com a possibilidade das distinções bíblicas criarem a ideia equivocada de duas classes ou categorias de crentes, pois argumentando em favor da atualidade de algumas experiências espirituais, diz:
Estas experiências das quais eu falei até agora podem ser chamadas de 'comuns', porque se realcionam com a certeza, o amor, a alegria, e a paz que, de acordo com a Escritura, são comuns a todos os crentes, em alguma medida. Eu ficaria surpreso se algum leitor cristão não tivesse nenhuma noção delas. Todavia, existem outras experiências, às quais preciso chegar agora, de caráter mais 'incomum', por não serem parte da experiência normal do cristão que o Novo Testamento apresenta.
Apesar da ideia sobre crentes de duas categorias ter sido difundida no movimento holiness, e posteriormente reproduzida no pentecostalismo clássico, o batismo com (no) Espírito Santo
não cria uma classe especial de cristãos, apenas capacita os mesmos para fazerem a obra de Deus, testemunhando de Jesus com maior eficiência e eficácia conforme Atos 1.8. (GERMANO, p. 38, 2009)
O equívoco interpretativo ou comportamental de alguns em qualquer questão doutrinária, não anula, nem diminui a verdade bíblica.
2.4 A inadequação do termo "batismo com (no) Espírito Santo" para definir a experiência

A questão da terminologia, parece ter sido o ponto central da tese de Hulse (LOPES, idem, p. 128):
A tese de Hulse, nesse livro, é que os cristãos podem ter experiências legítimas e edificantes após a conversão, mas que devem usar a teminologia correta para identificá-las.
A experiência que no pentecostalismo clássico define-se como "batismo com (no) Espírito Santo, ou seja, o revestimento de poder posterior à regeneração, para conciliar com a ideia da existência de um único "batismo do Espírito", Stott (ibdem, p. 50) a define como "plenitude do Espírito", classificando-a como "consequência", e acrescentando que pode se experienciada várias vezes:
Deixe-me procurar expandir o que tentei mostrar antes. O que aconteceu no dia de Pentecoste foi que Jesus 'derramou' o Espírito do céu e, assim 'batizou' com o Espírito, primeiro os 120 e depois os 3 mil. A consequência deste batismo do Espírito foi que 'todos ficaram cheios do Espírito Santo' (At 2.4). Portanto, a plenitude do Espírito foi a consequência do batismo do Espírito. O batismo é o que Jesus fez (ao derramar o seu Espírito do céu); a plenitude foi o que eles recebram. O batismo foi uma experiência inicial única; a plenitude porém, Deus queria que fosse contínua, o resultado permanente, a norma. Como acontecimento inicial, o batismo não pode ser repetido nem pode ser perdido, mas o ato de ser enchido pode ser repetido e, no mínimo, precisa ser mantido. Quando a plenitude não é mantida, ela se perde. Se foi perdida, pode ser recuperada.
Neste sentido, a "experiência" pode e deve ser buscada:
Enfaticamente, a plenitude do Espírito Santo não é um privilégio reservado para alguns, mas uma obrigação de todos. Assim como a exigência de sobriedade e domínio próprio, a ordem de buscar a plenitude do Espírito é dirigida a todo o povo de Deus, sem exceção. (ibdem, p. 62)
Grudem (idem, p. 650-651), procurando evitar a suposta confusão em torno do "batismo do Espírito" e o "batismo com (no) Espírito Santo", diz que alguns termos seriam mais apropriados para o segundo. Dessa forma ele sugere "um grande passo de crescimento", "nova capacitação para o ministério" e " ser cheio do Espírito Santo". Este último, para Grudem, é "o melhor termo a ser usado para descrever genuínas 'segundas experiências' hoje (ou terceira ou quarta experiência, etc.)".
Para sustentar seu argumento, Grudem cita Efésios 5.18, e afirma que o verbo "enchei-vos" (gr. plerousthe), por encontrar-se no presente do imperativo, poderia ser traduzido de modo mais explícito por "sejam continuamente cheios pelo Espírito". Nessa perspectiva, o batismo com (no) Espírito Santo perderia o caráter de evento único, podendo ser experienciado diversas vezes na vida do cristão.
Ainda sobre o uso de "ser cheio do Espírito Santo" em lugar de "ser batizado com (no) Espírito Santos", Marshall (1982, p. 69) afirma a expressão ficaram "cheios" se emprega tanto ao revestimento inicial do Espírito para capacitá-las para o serviço de Deus (At 9.17; Lc 1.15), quanto para descrever o processo contínuo de ser estar cheio (At 6.3; 7.55; 11.24; Lc 4.1). Dessa forma, uma pessoa que já está cheia do Espírito, pode receber contínuos enchimentos. Neste caso, não teríamos um batismo com (no) Espírito Santo, mas, a possibilidade de um cristão experienciar vários batismos. Pfeiffer e Harrison (1987, p. 242), concordam com este argumento, e escrevem que "O enchimento com o Espírito foi muitas vezes repetido [...]".
Na Bíblia de Estudo Pentecostal (ibdem, p. 1818), a nota de rodapé sobre Efésios 5.8 diz que:

Enchei-vos (imperativo passivo presente) tem o significado, em grego, de 'ser enchido repetidas vezes'. [...] O cristão deve ser batizado no Espírito Santo após a conversão (ver At 1.5; 2.4), mas também deve renovar-se no Espírito repetidas vezes, para adoração a Deus, serviço e testemunho.
Se considerarmos o que muitos gramáticos da língua grega afirmam (CARSON, 65-67), o verbo eplesthesan (ficaram cheios) em Atos 2.4, por se encontrar num tempo aoristo "que aponta para um ato único, já realizado e consumado" (LOPES, idem p. 125), faz com que o evento de Pentecoste (At 2.4) se diferencie daquilo que Paulo fala escrevendo à igreja em Éfeso (Ef 5.18).
Stott (ibdem, p. 62), comentando sobre o tempo verbal de plerousthe (enchei-vos) em Efésios 5.18, diz que: "o verbo está no tempo presente. É bem sabido que, na língua grega, se o imperativo está no aoristo, ele se refere a uma ação única; se está no presente, a uma ação contínua.”
No Comentário Bíblico Pentecostal (ARRINGTON e STRONSTAD, idem), é especificado que Lucas usa o verbo "encher" em At 2.4 para indicar o processo de ser ungido com o poder do Espírito para o serviço divino. Acrescenta ainda que "Ser cheio com o Espírito significa o mesmo que ser batizado com o Espírito ou receber o dom do Espírito (cf. At 1.5; 2.4, 38)."
Pearlman (idem), escreve:
Que essa comunicação de poder é descrita como ser cheio do Espírito. Aqueles que foram batizados com o Espírito Santo no dia de Pentecoste também foram cheios do Espírito.
Tognini (ibdem, p. 35) é enfático quando diz:
[...] Lucas, para descrever o cumprimento de Atos 1.5, usa a sua própria terminologia, que é CHEIO DO ESPÍRITO. De onde se conclui que BATISMO no Espírito Santo e CHEIO do Espírito Santo são a mesma coisa.
Estas declarações, à luz do entendimento pentecostal clássico, fala-nos que no batismo com (no) Espírito Santo (evento único), os crentes são cheios do Espírito, podendo ainda experienciar outros enchimentos, enchimentos estes não mais designados de batismo com (no) Espírito Santo.
CONCLUSÃO

Lloyd-Jones (ibdem p. 314), afirmou que o tema "batismo com (no) Espírito Santo", em muitos aspectos, é a mais difícil de todas as doutrinas, em razão de ser ela particularmente passível de exageros. Mesmo assim, escreveu:
[...] o que é o batismo do Espírito Santo? Ora, segundo alguns, como já vimos, realmente não existe dificuldade alguma sobre isso. Dizem que ele é simplesmente uma referência à regeneração e nada mais. É o que ocorre com as pessoas quando são regeneradas e incorporadas em Cristo, segundo Paulo ensina em 1 Co 12.13: 'Pois em um só Espírito fomos todos batizados'. Vocês não podem ser cristãos sem ser membros desse corpo, e vocês são batizados nesse corpo pelo Espírito Santo. Portanto, dizem, esse batismo do Espírito Santo é simplesmente a regeneração. Quanto a mim, porém, não posso aceitar tal explicação, e aqui é onde nos agarramos diretamente com as dificuldades. Não posso aceitar isso porque, se eu cresse nisso, teria de crer que os discípulos e os apóstolos não haviam sido regenerados até o dia de Pentecoste - suposição essa que ao meu ver é completamente inadmissível. [...] Teríamos também de dizer que os samaritanos, a quem o evangelista Filipe pregou, não foram regenerados até Pedro e João descerem a eles. (idem, 304-305)
As diversas questões, e os variados pontos de vistas aqui expostos provam isto.
Parcker (ibdem, p. 213), na tentativa de buscar um ponto intermediário entre sua analise exegética e a atualidade do batismo com (no) Espírito Santo, chega a afirmar:
Um grupo com os seus próprios mestres e sua literatura pode moldar os pensamentos e experiências de seus membros até um grau estranho. Especificamente, quando se crê que uma sensação ampliada de Deus, de seu amor por você em Cristo e de seu poder capacitador (a unção do Espírito), acompanhada por línguas, é a norma, segundo a experiência dos apóstolos em Atos 2, esta experiência certamente será buscada e encontrada. Da mesma forma, ela não será uma experiência ilusória, desprovida do Espírito, auto-gerada, só porque a ela estão ligadas certas noções incorretas. Deus, como continuamos dizendo, é muito misericordioso e abençoa os que o buscam, mesmo quando as suas ideias não são todas verdadeiras.
O fato, é que quando comparamos os escritos daqueles que não concebem o batismo com (no) Espírito Santo da perspectiva pentecostal clássica e assembleiana, o que encontramos é a falta de uniformidade e unidade sobre a questão.
Entre os cessacionistas (que negam a atualidade da experiência), encontramos, por exemplo, as seguintes posições:
- O batismo com (no) Espírito Santo foi uma experiência simultânea à regeneração, cuja terminologia é adequada.
- O batismo com (no) Espírito Santo foi uma experiência simultânea à regeneração, cuja terminologia é inadequada.
- O batismo com (no) Espírito Santo foi uma experiência subsequente à regeneração, cuja terminologia é adequada.
- O batismo com (no) Espírito Santo foi uma experiência subsequente à regeneração, cuja terminologia é inadequada.
Entre aqueles que não apoiam o conceito pentecostal clássico, mas acreditam na atualidade do batismo com (no) Espírito Santo, temos as seguintes ideias:
- O batismo com (no) Espírito Santo é uma experiência simultânea à regeneração, cuja terminologia é adequada.
- O batismo com (no) Espírito Santo é uma experiência simultânea à regeneração, cuja terminologia é inadequada.
- O batismo com (no) Espírito Santo é uma experiência subsequente à regeneração, cuja terminologia é adequada.
- O batismo com (no) Espírito Santo é uma experiência subsequente à regeneração, cuja terminologia é inadequada.
Dessa forma, uma maneira geralmente utilizada para invalidar ou resistir ao conceito pentecostal clássico sobre o batismo com (no) Espírito Santo, é utilizar uma destas perspectivas acima, com algumas variantes, ou utilizar todas elas em conjunto.
Diante dos grandes desafios impostos pela pós-modernidade à igreja evangélica brasileira no início do século XXI, é preciso buscar um ponto de equilíbrio, onde a experiência real e atual do batismo com (no) Espírito Santo caminhe junto com a ortodoxia bíblica.
Referências Bibliográficas
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.

ARRINGTON, L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada. Barueri-SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida Edição de 1995. Flórida-EUA: CPAD/Life Publishers, 1995.

BOOR, Weiner de. Atos dos Apóstolos. Curitiba-PR: Esperança, 2003.

CARSON, D. A. Os perigos da Interpretação Bíblica: a exegese e suas falácias. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2001.
GERMANO, Altair. Reflexões: Por uma prática cristã autêntica e transformadora. Recife-PE: Edição do autor, 2009.

GILBERTO, Antonio et al. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

______. Verdades Pentecostais: como obter e manter um genuíno avivamento pentecostal nos dias de hoje. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

HAUBECK, Wilfrid; SIEBENTHAL, Heinrich. Nova chave linguística do Novo Testamento grego: Mateus - Apocalipse. São Paulo: Targumim/Hagnos, 2009.

HULSE, Erroll. O batismo do Espírito Santo. S. J. dos Campos-SP: Fiel, 2006.
KISTEMAKER, Simon. Atos. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. v.1

LLOYD-JONES, Martiyn. Grandes Doutrinas da Bíblia: Deus o Espírito Santo. São Paulo: PES, 1998.

LOPES, Augustus Nicodemus. O culto espiritual: um estudo em 1 Coríntios sobre questões atuais e diretrizes bíblicas para o culto cristão. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.

LOPES, Hernandes Dias. Pentecostes: o fogo que não se apaga. São Paulo: Candeia, 1999.

MARSHAL, I. Howard. Atos: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1982.

PACKER, J. I. Na dinâmica do Espírito: uma avaliação das práticas e doutrinas. São Paulo: Vida Nova, 2010.

PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Belo Horizonte-MG: Vida, 1987.

PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard F.; REA, John. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

______; HARRISON, Everett. Comentário Bíblico Moody. São Paulo: IBR, 1987.

RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
STOTT, John R. W. A mensagem de Atos: Até os confins da terra. São Paulo: ABU, 2003.

______. Batismo e Plenitude do Espírito Santo: o mover sobrenatural de Deus. São Paulo: Vida Nova, 2007.

SYNAN, Vinson. O século do Espírito Santo: 100 anos de avivamento pentecostal e carismático. São Paulo: Vida, 2009.

TOGNINI, Enéas. Batismo no Espírito Santo. São Paulo: Bom Pastor, 2000.

WILLIAMS, David J. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo: Atos. São Paulo: Vida, 1996.

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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Perguntas Feitas ao Diabo

QUEM O CRIOU?
Lúcifer : Fui criado pelo próprio Deus, bem antes da existência do homem. [Ezequiel 28:15]

COMO VOCÊ ERA QUANDO FOI CRIADO?
Lúcifer : Vim à existência já na forma adulta e, como Adão, não tive infância. Eu era um símbolo de perfeição, cheio de sabedoria e formosura e minhas vestes foram preparadas com pedras preciosas. [Ezequiel 28:12,13]

ONDE VOCÊ MORAVA?
Lúcifer : No Jardim do Éden e caminhava no brilho das pedras preciosas do monte Santo de Deus. [Ezequiel 28:13]

QUAL ERA SUA FUNÇÃO NO REINO DE DEUS?
Lúcifer : Como querubim da guarda, ungido e estabelecido por Deus, minha função era guardar a Glória de Deus e conduzir os louvores dos anjos. Um terço deles estava sob o meu comando. [Ezequiel 28:14; Apocalipse 12:4]

ALGUMA COISA FALTAVA A VOCÊ?
Lúcifer : (reflexivo, diminuiu o tom de voz) Não, nada. [Ezequiel 28:13]

O QUE ACONTECEU QUE O AFASTOU DA FUNÇÃO DE MAIOR HONRA QUE UM SER VIVO PODERIA TER?
Lúcifer : Isso não aconteceu de repente. Um dia eu me vi nas pedras (como espelho) e percebi que sobrepujava os outros anjos (talvez não a Miguel ou Gabriel) em beleza, força e inteligência. Comecei então a pensar como seria ser adorado como deus e passei a desejar isto no meu coração. Do desejo passei para o planejamento, estudando como firmar o meu trono acima das estrelas de Deus e ser semelhante a Ele. Num determinado dia tentei realizar meu desejo, mas acabei expulso do Santo Monte de Deus. [Isaías 14:13,14; Ezequiel 28: 15-17]

O QUE DETONOU FINALMENTE A SUA REBELIÃO?
Lúcifer : Quando percebi que Deus estava para criar alguém semelhante a Ele e, por conseqüência, superior a mim, não consegui aceitar o fato. Manifestei então os verdadeiros propósitos do meu coração. [Isaías 14:12-14]

O QUE ACONTECEU COM OS ANJOS QUE ESTAVAM SOB O SEU COMANDO?
Lúcifer : Eles me seguiram e também foram expulsos. Formamos juntos o império das trevas. [Apocalipse 12:3,4]

COMO VOCÊ ENCARA O HOMEM?
Lúcifer : (com raiva) Tenho ódio da raça humana e faço tudo para destruí-la, pois eu a invejo. Eu é que deveria ser semelhante a Deus. [1Pedro 5:8]

QUAIS SÃO SUAS ESTRATÉGIAS PARA DESTRUIR O HOMEM?
Lúcifer : Meu objetivo maior é afastá-los de Deus. Eu estimulo a praticar o mal e confundo suas ideias com um mar de filosofias, pensamentos e religiões cheias de mentiras, misturadas com algumas verdades. Envio meus mensageiros travestidos, para confundir aqueles que querem buscar a Deus. Torno a mentira parecida com a verdade, induzindo o homem ao engano e a ficar longe de Deus, achando que está perto. E tem mais. Faço com que a mensagem de Jesus pareça uma tolice anacrônica, tento estimular o orgulho, a soberba, o egoísmo, a inimizade e o ódio dos homens. Trabalho arduamente com o meu séquito para enfraquecer as igrejas, lançando divisões, desânimo, críticas aos líderes, adultério, mágoas, friezas espirituais, avareza e falta de compromisso (ri às escaras). Tento destruir a vida dos pastores, principalmente com o sexo, ingratidão, falta de tempo para Deus e orgulho. [1Pedro 5:8; Tiago 4:7; Gálatas 5:19-21; 1 coríntios 3:3; 2 Pedro 2:1; 2 Timóteo 3:1-8; Apocalipse 12:9]

E SOBRE O FUTURO?
Lúcifer : (com o semblante de ódio) Eu sei que não posso vencer a Deus e me resta pouco tempo para ir ao lago de fogo, minha prisão eterna. Eu e meus anjos trabalharemos com afinco para levarmos o maior número possível de pessoas conosco. [Ezequiel 28:19; Judas 6; Apocalipse 20:10,15]

“Ninguém tem maior amor do que este: de dar a Sua vida em favor dos Seus amigos.” João 15:13
Jesus te ama!

Subsídio Lição 02 - A Ascenção de Cristo e a Promessa de Sua Vinda

Texto Bíblico: Atos 1.4-11
Texto Áureo: At 1.11

Introdução
O tema "A ascensão de Cristo" ganha destaque nesta segunda lição do trimestre, com as suas implicações doutrinárias e práticas.

A Historicidade da Ascensão

A historicidade da ascensão de Cristo costuma ser colocada em dúvida por alguns críticos, que tomam por base as aparentes contradições no texto bíblico. Analisemos os fatos.

Dois textos narram a ascensão de Cristo:

Lucas 24.50-52

49 E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.
50 E levou-os fora, até Betânia; e, levantando as mãos, os abençoou.
51 E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu.
52 E, adorando-o eles, tornaram com grande júbilo para Jerusalém.

Atos 1. 8-12
8 Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.
9 E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, {ocultando-o} a seus olhos.
10 E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco,
11 os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.
12 Então, voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, o qual está perto de Jerusalém, à distância do caminho de um sábado.

É possível harmonizar as diferenças nas narrativas da seguinte forma:

- Cada relato possui detalhes que não constam do outro, sendo a versão de Atos mais completa. No final do Evangelho, Lucas escreve que quando Jesus está sendo elevado, ele ergue os braços para abençoar os discípulos e eles os adoram. Lucas omite estes fatos em Atos, mas acrescenta a nuvem que o encobriu e o aparecimento dos "dois varões vestidos de branco". Dessa forma, não encontramos contradições nestes fatos. Encontramos complementações.

- Atos parece indicar que o local da ascensão foi o Monte das Oliveiras (1.12), enquanto que o Evangelho afirma que Jesus "os levou para Betânia", a aldeia ao lado deste monte, entre três e quatro quilômetros de Jerusalém. Observe que o Evangelho não diz que Jesus ascendeu de Betânia, mas que foram levados "até lá". Stott (2003, p. 45) afirma ser mais apropriada a tradução "para a vizinhança de Betânia".

Para Stott (idem, p. 45-46), após o exame das aparentes divergências, pode-se observar cinco pontos em comum na narrativa:

1. Ambos os relatos dizem que a ascensão de Jesus seguiu-se ao comissionamento dos apóstolos para que fossem suas testemunhas.

2. Ambos dizem que ela se deus fora de Jerusalém, e ao leste dela, em algum lugar do Monte das Oliveiras.

3. Ambos dizem que Jesus "foi elevado às alturas", onde o uso da voz passiva indica que a ascensão, assim como a ressurreição, foi um ato do Pai que, primeiro, o levantou entre os mortos e, depois o elevou às alturas.

4. Ambos relatam que os apóstolos "voltaram para Jerusalém".

5. Ambos dizem que depois disso eles aguardaram a vinda do Espírito, de acordo com a ordem e promessa expressa do Senhor.

Sttot (ibdem, 46-49), sustenta a historicidade da ascensão alegando que:

- Milagres não precisam de precedentes para autenticá-los;
- A Ascensão é um fato aceito em todo o Novo Testamento. Para Marshall (1982, p. 59-60), o fato da ascensão é solidamente atestado em 1 Tm 3.16; 1 Pe 3.21-22, e especialmente nas muitas passagens nas quais a ressurreição de Jesus é entendida, não simplesmente como a Sua volta dentre os mortos como também a Sua exaltação à destra de Deus (2.33-55);
- Lucas conta a história da ascensão com simplicidade e sobriedade, sem extravagâncias na narrativa;
- Lucas dá ênfase a presença de testemunhas oculares e repetidamente se refere ao que ele viram com seus próprios olhos (1.9-11);
- Não existe uma explicação alternativa para justificar o fim das aparições após a ressurreição e o fato de Jesus ter desaparecido da terra;
- A ascensão histórica e visível tinha um propósito inteligível. O motivo para uma ascensão pública e visível certamente é que ele desejava que os discípulos soubessem que ele estava partindo de vez.

Para Arrington e Stronstad (2003, p. 627) "Tudo no Evangelho de Lucas move-se em direção à ascensão, e tudo em Atos move-se a partir da ascensão".

A Teologicidade da Ascensão

Conforme Kistemaker (2006, p. 85-86) os aspectos teológicos e doutrinários da ascensão a serem considerados são:

- Que a entrada de Jesus no céu com um corpo humano glorificado é a segurança de que nós seremos igualmente glorificados.

- À mão direita de Deus, o Pai, Jesus cumpre a missão de advogado na defesa da nossa causa (1 Jo 2.1)

- A Ascensão de Jesus e o fato de ele ter-se assentado à destra de Deus marcam sua entronização real, seu governo sobre este mundo (1 Co 15.25).

Para Boor (2003, p. 30-31), o relato da ascensão destaca:

- A realidade escatológica da parousia, da nova presença de Jesus, ou de sua nova "revelação" (At 1.11). Marshall (idem, p. 62) escreve que "[...] a ascensão de Jesus é uma garantia de que, assim como foi possível para Jesus subir ao céu, assim também será possível para Ele voltar da mesma maneira, sobre uma nuvem na parousia (Lc 21.27; Mc 14.62; Dn 7.13). Desta forma, a promessa da parousia forma o fundo histórico da esperança, diante da qual os discípulos devem desempenhar seus papéis como testemunhas de Jesus." Vide também Richards (2005, p. 708)

- Fortalece a responsabilidade missionária da igreja. Neste sentido, Stott (ibdem, p. 50) comenta que até a volta de Jesus, os discípulos deveriam continuar sendo testemunhas, pois esse era o seu mandato: "Era fundamentalmente anormal ficarem a olhara para o céu, quando tinham sido comissionados para irem até aos confins da terra". Marshal (ibdem) declara que "Desta forma, a promessa da parousia forma o fundo histórico da esperança, diante da qual os discípulos devem desempenhar seus papéis como testemunhas de Jesus. Em efeito, esta passagem corresponde à declaração de Jesus em Mc 13.10, de que o evangelho deve primeiramente ser pregado a todas as nações antes do fim poder vir."

Aplicação Prática da Lição


Dentre as questões práticas que podemos extrair da presente lição bíblica, além da esperança da volta de Jesus, Stott (ibdem) nos alerta sobre dois erros dos apóstolos, nos quais podemos incorrer:

"O primeiro é o erro do político que sonha em fazer a utopia na terra (preocupados com a restauração do Reino de Israel). O segundo é o erro do pietista que sonha apenas com os prazeres celestiais (preocupado em apenas contemplar o Jesus celestial). A primeira visão é terrena demais, e a segunda, celestial demais. [...] em lugar deles, ou como antídoto para eles, deveria estar o testemunho de Jesus no poder do Espírito, com todas as sua implicações em termos de responsabilidade terrena e capacitação celestial."

Williams (1996, p. 39) concorda e escreve: "Daí a pergunta: por que estais olhando para os céus (v 11). Que acatassem as instruções recebidas. [...] A ênfase aqui, como em geral por todo o Novo Testamento, está nos deveres atuais dos crentes em vez de nas especulações a respeito da volta de Cristo."


Referências Bibliográficas
ARRINGTON, L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

BOOR, Weiner de. Atos dos Apóstolos. Curitiba-PR: Esperança, 2003.

KISTEMAKER, Simon. Atos. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. v.1

MARSHAL, I. Howard. Atos: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1982.

PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard F.; REA, John. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

______; HARRISON, Everett. Comentário Bíblico Moody. São Paulo: IBR, 1987.

RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

STOTT, John R. W. A mensagem de Atos: Até os confins da terra. São Paulo: ABU, 2003.

WILLIAMS, David J. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo: Atos. São Paulo: Vida, 1996.
 
fonte: www.altairgermano.net
 
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Assembléia de Deus Águas Compridas 1

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